sábado, 14 de maio de 2011

A MATEMÁTICA E O AMOR



É madrugada. Mais uma vez é madrugada e cá estou eu a escrever. Muitas vezes me acontece isso, de um texto começar a brotar na minha cabeça e ficar remoendo... ecoando, até que eu dou um jeito, mesmo tendo pouco tempo, acabo não resistindo e me ponho a escrever. Pôr pra fora. Deixar vir a ideia, já que há tantas lá dentro. Não é à toa que minha cabeça dá sinais de cansaço. Sobrecarga de informação. Literalmente, muito pensamento. Se não cuidar, isso gera entropia e o processo trava. Sabe aquelas situações: “este programa executou uma operação ilegal e vai fechar. Em caso de persistência contate o fornecedor”? O problema é que esta configuração já não é nova e o fornecedor acha que o sistema tem que ser preservado. Não adianta sair trocando peças...bem, mas não é disso que quero falar neste texto. O assunto que tem se remexido no meu cérebro é a ‘matemática do amor’.

Talvez seja porque eu estou dando supervisão para um doutorado da Matemática, neste momento, e também porque falar de amor é uma espécie de defeito de fabricação desta Luiza, do ‘fundo do baú’. Ela é a base geradora da Malu amorosa, mas a diferença é que ela é mais terna, linear – no sentido de coerente com seus princípios -, mais chorona e mais serena, sob um certo sentido. Sim, talvez venha dela também esse resgate da Matemática, que sempre foi seu objeto de adoração. Luiza venceu uma Olimpíada de Matemática, quando criança. Compenetrada, estudiosa, não se detinha apenas nas letras. Divertia-se com as equações, os exercícios de álgebra. É estranho alguém se divertir com isso? Para Luiza, não era...achava uma graça o fato de que, exercitando, descobria o ‘jogo lógico’ da coisa e aí era uma questão de raciocionar e seguir uma matriz: pá pá pá pá... não.. não podia esquecer o detalhe, se não invertia todo o jogo... atenção extrema... o sinal... o expoente...cada elemento da equação anunciava um desfecho.

O amor não se resume a equações, é verdade. Mas também, com o tempo tenho aprendido, acho que com a Luiza ‘do fundo do baú’, a descomplicar as equações. Tenho a impressão que há um mundo de voltas e enredos e dramas que foram agregados à matemática do amor, em geral, complicando a ‘equação’. Tenho me proposto, então, o exercício de descomplicar e retomar o jogo lógico, quase matemático... ao mesmo tempo em que a supervisão do texto da tese da minha cliente tem me provocado a refletir sobre a presença da Matemática na vida, na formação do sujeitos.

No amor, hoje, eu penso que o jogo é também simples, dependendo de como a gente o vê. Ama. Não ama. Nos dois casos, a situação está completa. Ama e ponto. Não ama e ponto. Não é preciso fazer nada depois disso. Não há nada igual, nem diferença. Não é preciso somar, multiplicar, subtrair e, claro, muito menos dividir. O outro não precisa fazer nada e a gente também não. Ama-se. A própria palavra se volta para si mesma. Observem: A M A. Gosto disso. Amo. Como num jogo matemático em que tanto faz começar do início ou do final.... o que vale é AMA. Assim, a Matemática do Amor é completa. Ela se fecha em um número completo, um número Cardinal. Talvez a Luiza Cardinale também esteja amadurecendo o seu jeito de amar...segue tentando, ao menos. AMA.